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Por Heloísa Villela
Marcia Camargos não fez nada de caso pensado. Estava, inclusive, lamentando não ter levado a faixa de protesto, pedindo rompimento das relações diplomáticas com Israel para a porta do hotel onde o presidente Lula está hospedado em Paris, na França. Mas esperou pela chegada da comitiva oficial e pela chance de se ver diante do presidente braslileiro. “Quando ele apareceu, acho que Alah baixou na minha cabeça. Tirei meu lenço do pescoço e entreguei a ele”.
Foi assim que a imagem de Lula com o lenço palestino correu o mundo. Sem plano prévio, um gesto simples e espontâneo que Lula abraçou no dia em que desembarcou na capital francesa.
Em Paris, na véspera de se encontrar com o presidente Emmanuel Macron, Lula aceitou o lenço, deu um beijo em Márcia e ficou com o símbolo da resistência palestina no ombro enquanto cumprimentava outros manifestantes na porta do hotel. Pouco depois, a imagem foi publicada nas redes sociais do presidente. “Eu tenho certeza que essa foto já chegou no Macron”, disse Márcia, satisfeita.
O presidente Lula deve imaginar o mesmo. Ele também improvisou, aceitando o presente e deixando o lenço bem à mostra. Mas fez questão de divulgar a cena toda nas mídias sociais, na véspera de dar início à visita de estado. Antes de deixar o Brasil, em entrevista coletiva, ele disse que conversaria sobre a situação dos palestinos com o colega francês. E afirmou que não só como presidente, mas como homem, não pode aceitar o genocídio em curso na Faixa de Gaza.
A escritora brasileira Márcia Camargos, com lenço palestino que deu ao presidente Lula (Foto: Arquivo pessoal)
Escritora vai entregar abaixo-assinado a Lula
Marcia Camargos é escritora, já publicou 35 livros, e é fundadora do PT. Durante a visita oficial do presidente Lula à França, ela tem uma tarefa a cumprir. E essa não será um improviso. Ela precisa entregar, em mãos, ao presidente, um abaixo assinado pedindo o rompimento das relações diplomáticas do Brasil com Israel.
Marcia disse ao ICL que os últimos discursos de Lula têm sido mais incisivos na defesa dos palestinos. Mas ela quer mais. Quer o rompimento com Israel e espera que a presença de Lula na França, e as conversas com Macron, resultem em uma posição mais clara do francês nessa situação. “Macron vem sinalizando uma postura um pouco mais inclinada a reconhecer o estado palestino, mas ainda não admite que o que acontece lá é um genocídio”, disse.
A escritora brasileira radicada na França não tem a menor dúvida do papel que ela tem a desempenhar. “Eu ando sempre com meu lenço palestino. É uma forma de me posicionar e de prestar solidariedade”, contou. Agora, vai ter que comprar outro. Ela nunca imaginou entregar o símbolo da luta palestina ao presidente do Brasil. Muito menos vê-lo depois estampado nos mídias sociais. “Como cidadã, é o que a gente precisa fazer. Pressionar o máximo possível e usar cada pequeno espaço que aparece”, concluiu.
Fonte: ICL Notícias