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Angra 2: trabalhador terceirizado se contamina durante tentativa de remover peça da usina nuclear

Um trabalhador terceirizado, que estava trabalhando no processo da troca de combustível (urânio enriquecido) de Angra 2, foi contaminado durante a “tentativa de remoção” não autorizada de uma peça metálica da tampa de acesso à câmara primária do gerador de vapor da usina nuclear.

O sistema de proteção radiológica da Eletronuclear atuou evitando problema maior. Alarmes automáticos dentro da área de contenção foram ativados e os técnicos iniciaram a investigação identificando contaminação radiológica superficial na parte frontal do corpo e nos braços do trabalhador. Segundo a Eletronuclear, o fato ocorreu na quarta-feira (27). A peça foi confinada como material radioativo.

A investigação também identificou que os alarmes foram ativados devido  à presença do objeto metálico dentro de uma coletora de lixo na sala de descontaminação pessoal.

Após entrevista com os técnicos de proteção radiológica foi constatado que a peça havia sido jogada no lixo, depois do acionamento dos alarmes, pelo empregado terceirizado, na tentativa de evitar a “constatação da irregularidade”.

O profissional temporário foi advertido e desligado da prestadora de serviços contratada para atuar na vigésima parada de manutenção de Angra 2. A Eletronuclear informou que “todos os dispositivos de Proteção Radiológica e ações previstas em procedimentos impediram a extração indevida do material da usina Angra 2, bem como preservaram a saúde do trabalhador autor da ação e dos demais colaboradores”.

Angra 1 em risco por falta de recursos

O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu uma auditoria nesta quarta-feira (27) que apontou que o programa de extensão da vida útil da usina nuclear de Angra 1 tem “risco iminente de não alcançar seus objetivos em vista da baixa disponibilidade de recursos financeiros”.

Coube à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que mantém as suas atribuições há décadas, embora criticadas desde o acidente com uma capsula de césio-137, em Goiânia, em 1987: de regular, licenciar e fiscalizar.

Segundo o TCU, o projeto para aumentar a durabilidade operacional da usina por mais 20 anos foi iniciado em 2020 e tem orçamento total de R$ 3,5 bilhões, sendo que apenas R$ 518 milhões já foram executados. Quanto ao restante, a Eletronuclear tem tido dificuldade para viabilizar o financiamento. Na última semana, o governo federal autorizou a prorrogação do funcionamento da planta, cuja licença expiraria no final desse ano, condicionada à conclusão das intervenções necessárias.

Angra 1 (Divulgação)

O processo foi relatado pelo ministro Antonio Anastasia, que afirmou que o risco do programa não ser concluído “poderá levar ao desequilíbrio e a perda de sustentabilidade da própria Eletronuclear”. Ele disse ainda que o desequilíbrio entre despesas e receitas da empresa contribui para o risco, além de carência de recursos técnicos e operacionais dos órgãos reguladores.

A auditoria do TCU também analisou a gestão do Fundo de Descomissionamento das usinas nucleares, que tem como objetivo garantir os recursos necessários para a desativação das usinas quando atingirem o fim de sua vida útil. Segundo o TCU, há divergências de entendimento sobre a tributação do fundo que têm ocasionado impactos econômico-financeiros diretos no caixa da Eletronuclear.

A empresa realizou saque de mais de 10% dos recursos do fundo em abril desse ano e deu a sinalização de que pretende sacar mais de 40% como ressarcimento por encargos tributários. Essa conduta, segundo o relator, “certamente terá impacto à sustentabilidade econômico-financeira do fundo”. O TCU determinou que a Eletronuclear se abstenha de realizar novos saques.

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