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A audiência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (11), foi marcada por confrontos verbais, acusações e interrupções que culminaram no encerramento antecipado da sessão. A troca acalorada de palavras entre o ministro e parlamentares da oposição, especialmente os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ), dominou o debate e revelou a tensão crescente entre o governo federal e setores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Logo no início, os deputados bolsonaristas questionaram duramente a condução econômica do governo Lula, acusando a atual gestão de promover aumentos de impostos e ainda assim manter déficits nas contas públicas. Nikolas e Jordy apontaram o que consideram uma “gastança descontrolada”.
O Nikolas Ferreira foi tentar lacrar aqui na CFT, mas acabou ATROPELADO pelo @Haddad_Fernando. Que vergonha! pic.twitter.com/JTKtT4O4bu
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) June 11, 2025
Em sua resposta, Haddad reagiu de forma incisiva. Criticou a ausência dos parlamentares no momento de sua réplica e classificou o comportamento como “molecagem”.
“Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. Nikolas sumiu, [perguntou] só para aparecer. Pessoas falaram, agora tenha maturidade. E corre daqui, não quer ouvir explicação, quer ficar com o argumento dele. Não quer dar chance de o diálogo fazer ele mudar de ideia”, disse Haddad.
A declaração acirrou ainda mais os ânimos. Pouco depois, Carlos Jordy retornou ao plenário exigindo direito de resposta e respondeu com tom elevado:
“Eu estava em outra comissão. O ministro nos chamou de moleque. Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de [faculdade] economia. Moleque é você por ter feito que o nosso país ter o maior déficit da historia. Governo Lula é pior do que uma pandemia”, disparou Jordy.
Ele chegou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro que, segundo ele, havia deixado o governo com um superávit de R$ 54 bilhões registrado no último ano da sua administração, em 2022.
Em resposta, Fernando Haddad disse que o superávit de R$ 54 bilhões deixado por Bolsonaro foi construído com medidas que ele classificou como irresponsáveis. Entre elas, citou:
- A redução forçada do ICMS dos combustíveis, que prejudicou a arrecadação dos estados;
- A postergação de pagamento de precatórios, que gerou um passivo bilionário;
- A venda da Eletrobras em condições desfavoráveis;
- O repasse excessivo de dividendos da Petrobras, que ele chamou de “depenagem” da estatal.
“Em 2022, eles estão alegando que houve um superávit primário. A que custo? Bolsonaro deu um calote dos governadores, tomou o ICMS com a promessa de pagar. Quem pagou foi o governo Lula em março de 2023, R$ 30 bilhões. Para indenizar os governadores da barbeiragem do Bolsonaro para baixar artificialmente o preço da gasolina. Superávit primário de 2022 também se deveu ao calote de precatórios, foram pagos R$ 92 bilhões a mais em 2024”, disse o Fernando Haddad.
“Houve a barbeiragem da venda da Eletrobras, vendeu na bacia das almas, uma vergonha. Depenram a Petrobras com a distribuição de dividendos que superou R$ 200 bilhões (…) Dando calote, torrando patrimônio publico e tomando dinheiro de governador. Assim qualquer um faz superávit”, acrescentou o ministro da Fazenda.
Haddad lembra audiência em que ministra Marina Silva também foi alvo de desrespeito
O tumulto se intensificou quando Nikolas Ferreira também voltou à sessão e tentou rebater Haddad. No entanto, o presidente da sessão, deputado Rogério Correia (PT-MG), tentou restabelecer a ordem, sem sucesso. Com a crescente confusão e falta de consenso, optou por encerrar os trabalhos sem permitir que todos os inscritos falassem.
Antes disso, Correia afirmou que retiraria dos registros da Câmara as ofensas proferidas por Jordy, o que gerou nova reação da oposição, que exigiu o mesmo tratamento para os comentários feitos por Haddad.
Já fora do plenário, o ministro lamentou o que chamou de desrespeito por parte de alguns parlamentares, acusando-os de usar o espaço apenas para autopromoção nas redes sociais.
“Toda vez que um deputado, pensando em suas redes sociais, desrespeita um ministro – e isso aconteceu com a Marina, aconteceu comigo. Faz a pergunta, fala o que quer, insinua coisas e simplesmente vai embora antes da reposta. Imagina se eu fizesse o oposto, se alguém fizesse uma pergunta e eu fosse embora sem responder?”, questionou.
Fonte: ICL Notícias