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Bolsa Família: cresce número de ocupados entre famílias beneficiárias do programa Subiu de 12,6%, em 2019, para 14,8%, em 2023

Está redondamente enganado quem pensa que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, criam uma horda de desocupados. Um estudo do Ipea (instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), encomendado para o Estadão/Brodcast, aponta que, ao contrário, cresceu o número de pessoas ocupadas, tanto no mercado formal quanto no informal, em domicílios com algum beneficiário do Bolsa Família.

Os números apresentados pelo estudo mostram que:

  • Subiu de 46,3%, em 2019, para 46,8%, em 2023, a proporção de ocupados em domicílios beneficiados pelo Bolsa. Ou seja, mesmo com o aumento do benefício para R$ 600, o número de ocupados subiu.
  • Avançou de 12,6%, em 2019, para 14,8%, em 2023, a proporção de ocupados em trabalho formal, com contribuição previdenciária.
  • Já a proporção de ocupados na informalidade nesses lares diminuiu de 33,7% em 2019 para 32,0% em 2023.

O estudo do Ipea também mostra que a ocupação também subiu nos lares sem o benefício:

  • A proporção de ocupados subiu de 58,3%, em 2019, para 60,3%, em 2023.
  • Nesses lares, a parcela de ocupados na formalidade cresceu de 39,9% para 42,8% no período, e
  • A fatia na informalidade diminuiu de 18,4% para 17,5%.

O levantamento ainda aponta que, em relação ao pré-pandemia, houve redução na proporção de desempregados e aumento na fatia de inativos tanto nos domicílios com Bolsa Família quanto nos lares sem o benefício. Os dados mostram que:

  • Nas moradias com o Bolsa Família, a proporção de desempregados caiu de 11,5% em 2019 para 8,7% em 2023, e
  • Nas casas sem o benefício, esse percentual caiu de 6,8% para 3,9%.
  • Quanto aos inativos, a proporção subiu de 42,2% em 2019 para 44,5% em 2023 nos lares com o programa de governo, e
  • De 34,9% para 35,8% nas moradias sem o programa.

O estudo do Ipea tem como base os microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Programas como o Bolsa Família ajudam na redução da miséria e da pobreza

O pesquisador do Ipea Marcos Hecksher, autor do estudo, disse que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm como impacto primordial a queda da miséria e da pobreza no país.

Outro impacto de programas como esse é o aumento da renda em circulação na economia, levando a uma geração de postos de trabalho devido à maior demanda por bens e serviços. E não só: o programa também melhora o preço da mão de obra dos mais pobres.

O Bolsa Família não reduz a proporção de pessoas que trabalha no Brasil, mais alta hoje do que em qualquer momento dos últimos dez anos. O que ele faz é elevar o preço mínimo do trabalho dos mais pobres, que deixam de aceitar condições precárias demais e passam a exigir valores menos aviltantes para oferecer seu trabalho “, apontou Hecksher ao Estadão/Broadcast.

Hecksher pontuou ainda que um estudo do Banco Mundial, publicado em setembro de 2021, apontava para um aumento da oferta de vagas formais em lugares onde havia maior incidência de pagamento do Bolsa Família.

Dados da Pnad Contínua divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (27) mostram que, no trimestre móvel encerrado em novembro de 2024, a taxa de desemprego recuou para 6,1%, a menor em 12 anos.

Essa taxa representa 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego no país, menor contingente desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014.

Caged

Nesta sexta-feira, o Ministério do Trabalho e Emprego também divulgou dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mostrando que foram criados 106.625 postos de trabalho com carteira assinada no último mês. O indicador mede a diferença entre contratações e demissões. No acumulado do ano, foram abertas 2.224.102 vagas de empregos.

O estoque de empregos formais no país, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, chegou a 47.741.377 em novembro, o que representa alta de 0,22% em relação ao mês anterior.

Na divisão por ramos de atividade, dois dos cinco setores pesquisados criaram empregos formais em novembro. A estatística foi liderada pelo comércio, com a abertura de 94.572 postos, todos concentrados na atividade de reparação de veículos automotores e motocicletas; seguido por setor de serviços (67.717 postos a mais).

Já na construção civil, o nível de emprego diminuiu, com o fechamento de 30.091 postos, bem como na agropecuária, que registrou 18.887 vagas de trabalho a menos, em razão das características sazonais do setor.

A redução de 6.678 empregos formais na indústria foi puxada pela indústria de transformação, que eliminou 6.753 vagas no mês passado.

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