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Cavalo Caramelo se recupera um ano após tragédia no RS, cães e gatos lotam abrigos


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Por Carlos Villela

(Folhapress) – Quem vê o pelo brilhoso e a crina escovada do cavalo amarrado no pátio do hospital veterinário da Ulbra, em Canoas (RS), talvez não pense que aquele é o mesmo Caramelo que passou quatro dias ilhado no telhado de uma casa, em meio às enchentes históricas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024.

Quase um ano após o resgate, o animal que se tornou símbolo daquela tragédia climática leva hoje uma vida saudável, sob a atenção constante de seu cuidador pessoal. “Sempre antes das 7h eu estou aqui. Daí, quando chego, ele já escuta meus passos e começa a pedir comida, começa a relinchar”, conta Roque Hennicka, funcionário do hospital há 22 anos, e que há 10 meses zela pelo morador mais ilustre do local.

Caramelo

Caramelo virou símbolo da faculdade onde foi adotado. (Foto: Carlos Macedo / Folhapress)

Roque é quem serve a primeira refeição do dia de Caramelo: uma porção de alfafa e outra de ração, consumidas com calma. Logo depois, ele tira o cavalo de sua baia e o conduz até os gramados da instituição para passar a maior parte do dia pastando e fazendo pequenas caminhadas. Bem-alimentado de grama, Caramelo é levado de volta à baia no fim de tarde, e come uma última porção de alfafa e ração antes de repousar.

É uma rotina tranquila, às vezes pontuada por relinchos trocados com outro cavalo macho em uma disputa de garanhões, e um comportamento agitado quando a única égua que vive ali se aproxima.

“Ele é encrenqueiro, um pouco, né”, diz Roque, rindo. “Ele sabe bem de quem ele gosta e de quem não gosta. Como eu estou diariamente com ele, ele tem as maniazinhas dele, mas eu já aprendi o que que é, e a gente se entende bem.”

O resgate do Caramelo

O cavalo foi resgatado na noite de 9 de maio de 2024 no bairro Mathias Velho, em Canoas, em uma operação liderada por bombeiros voluntários de São Paulo. Internado com um quadro severo de desidratação e desnutrição, ele foi um dos mais de mil animais atendidos no hospital veterinário da Ulbra durante as enchentes, em trabalho conjunto da equipe médica e de veterinários voluntários.

“No começo, a gente não pôde dar atenção só para ele. Chegaram muitos animais, era muita coisa para atender, e pouca gente tinha acesso para vir ajudar”, conta Roque.

O campus da Ulbra foi o abrigo mais populoso do Rio Grande do Sul nas enchentes, recebendo 7.800 pessoas no pico da tragédia. Por lá, também passaram cerca de 3.000 animais -dentre cães, gatos e mais de 50 cavalos- levados por famílias desabrigadas ou resgatados das ruas.

Caramelo respondeu bem ao tratamento e superou a desidratação em duas semanas. Em menos de dois meses, recuperou aproximadamente 50 kg, voltando ao peso ideal.

De símbolo dos impactos das mudanças climáticas, Caramelo passou a encarnar também a resiliência do povo gaúcho diante da tragédia. Foi convidado de honra da abertura da feira agrícola Expointer e de uma homenagem no Acampamento Farroupilha de Porto Alegre, além de gravar participações no quadro de amigo secreto de Natal do Fantástico e em um vídeo promocional para a série Yellowstone. A universidade mantém uma conta oficial de Caramelo no Instagram, que já ultrapassou 100 mil seguidores.

No campus, Caramelo continua atraindo os olhares de alunos curiosos que diminuem o passo apenas para observá-lo após os períodos de aula. Ele também recebe visitas constantes de turmas escolares e equipes de pesquisa do Brasil e do exterior.

O hospital veterinário oficializou a adoção de Caramelo em dezembro, e agora busca financiamento para construir um santuário onde ele poderá viver solto.

Caramelo

Caso do cavalo Caramelo ganhou repercussão mundial em meio as enchentes no RS. (Foto: Reprodução)

Animais resgatados

Aproximadamente 20 mil animais foram resgatados durante as enchentes de maio de 2024 e encaminhados a abrigos habilitados, de acordo com a Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura). A maioria voltou para casa com seus tutores ou foi adotada após a tragédia, mas muitos ainda estão à espera de um destino definitivo.

Na sexta-feira (18), o Rio Grande do Sul contabilizava 803 cães e 75 gatos vivendo em 11 abrigos em Porto Alegre e Canoas, segundo dados do SisPetRS (Sistema de Gestão dos Pets), criado pelo estado para acompanhar o fluxo nos abrigos. A maioria está em Canoas, onde oito instituições acolhem 587 cães e 51 gatos, operando com 81% da capacidade total.

As duas cidades aderiram a um programa emergencial do governo estadual para o manejo de cães e gatos em abrigos, com repasse mensal de R$ 108,85 por animal para custear a gestão dos abrigos e ações como castração, vacinação e microchipagem. Arroio do Meio, cidade rural devastada pela cheia do rio Taquari, iniciou neste ano o processo de adesão.

O número de animais sem lar após a enchente pode ser maior, pois muitas cidades afetadas não estão integradas ao sistema de registro. Também não há estimativa de quantos animais domésticos morreram nas enchentes.

De acordo com Mauro Moreira, presidente do Conselho Regional Medicina Veterinária do RS, houve uma diminuição na procura por animais de abrigo mesmo com a realização de campanhas de estímulo. “Muitos permanecem sem adoção, especialmente os de maior porte, mais velhos ou com necessidades especiais”, disse Moreira. “Para além de histórias que comoveram o país, como a do cavalo Caramelo, há centenas de animais ainda esperando por um desfecho digno.”

A tragédia também impactou a pecuária gaúcha. Um relatório da Emater-RS (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul) estima a morte de 1,2 milhão de aves, 17,2 mil bovinos e 14,8 mil suínos, além da perda de 16 mil caixas de abelhas destinadas à apicultura comercial e 937,9 toneladas de peixes criados em atividades de piscicultura.



Fonte: ICL Notícias

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