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Cidade ‘fofoqueira’ e Teatro Amazonas azul: saiba o que é verdade na história de Manaus, que celebra 354 anos

Cidade “fofoqueira”, Teatro Amazonas azul e primeira a ter luz elétrica no país são algumas histórias que permeiam a trajetória de Manaus, que completa 354 anos nesta terça-feira (24). Mas o que é fato na memória da capital amazonense?

Situada no meio da Floresta Amazônica e construída às margens do Rio Negro, Manaus, que abriga a maior parte da população do Amazonas, é historicamente conhecida pelo seu crescimento exponencial durante a época da borracha, no século XIX , e por ser pioneira em muitos acontecimentos históricos.

No entanto, ao longo dos anos, muito se falou sobre o que realmente é verdade. Ao Portal R6, historiadores esclareceram o que de fato faz parte da história da metrópole.

Cidade ‘fofoqueira’

 

Manaus durante a época da Belle Époque. — Foto: Reprodução/Acervo Abrahim Baze

Manaus durante a época da Belle Époque. — Foto: Reprodução

Atualmente, Manaus tem ganhado uma série de perfis nas redes sociais sobre fofocas de personalidades da mídia. No entanto, engana-se quem pensa que essa cultura surgiu agora. O historiador Fábio Augusto revelou que jornais do século XIX eram especializados em fofocas.

“Nos últimos anos, pesquisando em jornais e lendo relatos de viajantes, descobri que Manaus é uma cidade com larga tradição na fofoca. Em 1849, o viajante inglês Alfred Russel Wallace escreveu que o passatempo preferido dos manauaras era fofocar, e eram fofocas bastante pesadas”, contou o historiador.

O historiador contou que no final do século XIX, por volta de 1890, começaram a surgir jornais especializados em mexericos, que cresceram nas primeiras décadas do século XX. Os nomes remetiam ao relatos duvidosos sobre a vida dos outros. “Alguns tinham nomes curiosos, como A Marreta, A Lanceta, A Farpa, o KCT, o Mucuím, a Matraca e A Encrenca”, disse.

Manaus recebia notícias dias depois

 

Por muitos anos, Manaus tinha uma demorada comunicação com o Sudeste do Brasil, pois esse processo era feito entre embarcações. De acordo com o historiador Otoni Mesquita, um dos momentos mais importantes do país, quando foi proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, a população da capital só soube no dia 21 de novembro, seis dias depois.

E por isso, por muitos anos, os manauaras comemoravam a Proclamação da República no dia 21 de novembro.

O historiador revelou que o mesmo aconteceu com a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Demorou dias para que os manauaras descobrirem que o país era independente. “Na época da borracha, nosso contato deixou de ser exatamente com o Brasil e era mais com o exterior“, destacou.

Manaus pioneira na energia elétrica?

 

Manaus não foi a primeira cidade do Brasil a receber energia elétrica. — Foto: Reprodução/Allen Morrisson

Manaus não foi a primeira cidade do Brasil a receber energia elétrica. — Foto: Reprodução

Uma história sobre Manaus que permeia o imaginário dos manauaras é que a capital amazonense foi a primeira do Brasil a receber energia elétrica. O historiador Fábio Augusto contesta.

Ele disse que Manaus não foi a primeira nem a segunda cidade do país a ter luz elétrica.

Trata-se apenas de um mito para engrandecer a história da cidade. Quando a energia elétrica foi inaugurada em Manaus, em 22 de outubro de 1896, ela já existia em Campos dos Goytacazes (RJ), Rio Claro (SP), Porto Alegre (RS), Juiz de Fora (MG), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Maceió (AL)“, afirmou o historiador.

Manauaras lavavam roupa em Paris?

 

Conta-se que durante a época da borracha – uma das mais prósperas da capital – as famílias mais ricas lavavam as roupas em Paris, na França.

O historiador Fábio Augusto afirmou que tudo não passa de um boato e que os principais clientes da das lavanderias da cidade amazonense eram, justamente, as famílias mais ricas. “Esse é mais um mito sobre nossa história, criado por uma historiografia que forjou origens míticas para a época da borracha“, disse.

Já o historiador Otoni Mesquista afirmou que a única informação que se tem é de que as famílias passavam metade do ano em Portugal e a outra metade em Manaus, e por isso, falavam que lavavam a roupa na Europa.

Os ‘Araújos’ ficavam seis meses aqui e seis em Portugal. Então, eles levavam e diziam que se lavava roupa em Portugal, mas fora isso, que eu saiba, eu nunca vi nenhuma notícia em jornal da época“, contou Otoni.

Ufam é a universidade mais antiga do Brasil

 

Prédio de direito da Ufam, em 1984. — Foto: Divulgação/Ufam

Prédio de direito da Ufam, em 1984. — Foto: Divulgação/Ufam

É verdade. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é reconhecida pelo Guinness Book como a universidade mais antiga do Brasil. A instituição foi fundada em 17 de janeiro de 1909.

Mas o historiador Fábio destacou que já existiam cursos de ensino superior no Brasil desde o início do século XIX. Foram instalados por D. João VI e D. Pedro I, como a Faculdade de Medicina da Bahia e a Faculdade de Direito do Recife.

No entanto, a Ufam foi a primeira instituição universitária a oferecer mais de um curso, com formação em várias áreas, o que a caracterizou como uma universidade.

Teatro Amazonas azul?

 

Teatro Amazonas, um dos principais pontos turísticos de Manaus. — Foto: Michael Dantas/Secretaria de Cultura

Teatro Amazonas, um dos principais pontos turísticos de Manaus. — Foto: Secretaria de Cultura

Já imaginou que o Teatro Amazonas, um dos principais símbolos de Manaus, não era de tom rosa? Segundo Otoni Mesquita, durante os anos 1970, o ponto turístico era da cor azul.

De acordo com ele, um historiador insistiu que a verdadeira cor do teatro era azul e, durante a primeira reforma do local, nos anos 1970, pintaram o espaço cultural de um cinza azulado. No entanto, a tinta não era de boa qualidade e um ano depois começou a descascar.

Otoni apontou que o a cor azul ficou no Teatro Amazonas por uma década. Após um estudo de restauração, os técnicos rasparam a parede e identificaram que a cor original era rosa. Depois disso, o tom rosa voltou ao suntuoso Teatro Amazonas, maior símbolo arquitetônico do estado.

‘Cidade flutuante’

 

Cidade Flutuante em Manaus — Foto: Arquivo Pessoal/Otoni Mesquita

Cidade Flutuante em Manaus — Foto: Arquivo Pessoal

Durante pouco mais de dez anos, Manaus teve um bairro conhecido como “cidade flutuante”. O local, que se destacava no crescimento urbano da capital na década de 50, ficava nas proximidades da Feira da Manaus Moderna, no Centro.

Lá, funcionava uma espécie de bairro flutuante, com casas que boiavam e flutuavam no Rio Negro uma ao lado da outra. De acordo com Otoni Mesquita, comércios, restaurantes, consultórios de médicos e dentistas, oficinas mecânicas: tudo tinha ali, na “cidade flutuante”.

Em 1966, a cidade foi “demolida”. À época, cerca 1.950 casas formavam o bairro. Registros históricos apontam que a média era de mais de 11,5 mil moradores. Até cenário de filme foi, em meados dos anos 60. Em seguida, veio a decadência.

A cidade foi demolida, aponta o historiador, após declarações do então governador do Amazonas Arthur Reis, que taxava a área como “vergonha para a civilização e desenvolvimento de Manaus”.

Depois da demolição, os moradores da “cidade” se espalharam por bairros de Manaus que ainda estavam se desenvolvendo, como a Alvorada, Coroado e Japiim.

Manaus tem maior porto flutuante do mundo

 

Porto de Manaus é o maior porto flutuante do mundo. — Foto: Amazonastur

Porto de Manaus é o maior porto flutuante do mundo. — Foto: Amazonastur

O Porto de Manaus, Roadway, é o maior porto flutuante do mundo. O historiador Fábio Augusto ressaltou que a estrutura do local é reconhecida por comportar navios de grandes dimensões e acompanhar os níveis das águas do Rio Negro nas cheias e nas vazantes.

É uma estrutura de importância inestimável para a economia do Estado do Amazonas, além de ser um marco da engenharia e ter um grande valor histórico, o que fez com que fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)“, disse o historiador.

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