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Depoimento de Paulo Cupertino durou 2 horas; julgamento será retomado hoje


O Tribunal do Júri de Paulo Cupertino, acusado pelo triplo homicídio do ator Rafael Miguel e seus pais, será retomado a partir das 10h desta sexta-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona Oeste de São Paulo.

Este será o segundo dia do julgamento. No primeiro dia, que durou 11 horas nesta quinta-feira (29), foi realizada a fase de instrução, em que foram ouvidas sete testemunhas e os três réus, incluindo Cupertino. 

A primeira sessão foi marcada pelo interrogatório do principal réu, Paulo Cupertino, acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, cometido por motivo fútil e com recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Em diversos momentos, Cupertino quebrou o protocolo e chegou até pedir desculpas ao magistrado e ao júri por ser “seu momento, depois de seis anos”. O réu levantou, virou e direcionou a fala diretamente ao plenário, tentou falar informalmente com o juiz, cutucou os promotores de Justiça, ofendeu o advogado de acusação Fernando Viggiano e até questionou seus próprios advogados.

Nesta sexta (30), acontecem os debates entre acusação e defesa. Cada parte tem 2h30 para falar, mais réplica e tréplica de duas horas para cada.

Em seguida, o Conselho de Sentença, formado por sete jurados, recolhe-se em uma sala para deliberar sobre o veredito. Não há prazo estipulado para a deliberação.

Com a decisão tomada, o júri retorna e declara se os réus são culpados ou inocentes das acusações. Caso sejam culpados, o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza estabele a dosimetria das condenações com a sentença.

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Veja os detalhes do depoimento de mais de duas horas de Paulo Cupertino:

Interrogatório apenas pela defesa

Cupertino entrou no plenário às 18h35 conduzido pela Polícia Militar. Foi o primeiro momento em que ele apareceu na sessão, já que as testemunhas optaram por deporem em sua ausência.

O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital, iniciou o procedimento lendo uma declaração da defesa, que afirmava que o réu apenas responderia as perguntas da defesa ou dos jurados, mas não dos promotores de Justiça do Ministério Público. 

Portanto, ao contrário da ordem processual comum, a defesa iniciou o interrogatório e conduziu até o fim, por mais de duas horas. Nenhum dos jurados quis fazer uma pergunta a Cupertino.

Ao início do último depoimento da noite, do réu Eduardo Machado, o promotor Thiago Marin agradeceu aos advogados dos corréus de Cupertino por darem espaço às perguntas da promotoria, algo não concedido pela defesa de Paulo. 

“Impossível ter cometido esse crime”

O réu discorreu durante todo seu interrogatório com tom de desabafo. Ao receber a primeira pergunta de que teria cometido o crime, ele negou. “Não, impossível eu ter cometido esse crime”, defendeu. 

Paulo Cupertino afirmou que não tinha motivo para o crime e que nunca havia conhecido as vítimas. “Eu nunca na minha vida tive conhecimento do Rafael, da senhora Miriam ou do senhor João, digo alto pra quem quiser ouvir. Em nenhum momento da minha vida eu tive acesso a eles”.

Ele não só direcionou a fala ao jurados, promotores e ao magistrado, mas também se virou e desabafou para as pessoas presentes no plenário, pedindo desculpas ao juiz e dizendo ser “seu momento”.

Cupertino relatou uma versão de que uma pessoa não identificada foi responsável pelas mortes de Rafael, Miriam e João. “Eu fui covarde, mas eu não fui covarde de ter matado, eu poderia ter impedido o cara que estava lá”. Paulo não explicou ou detalhou quem seria essa pessoa e disse que foi omisso na situação, porque não achou que “o vagabundo iria matar”. 

“Eu não matei o senhor Rafael, infelizmente eu não tive o prazer de conhecer. O pouco que eu vejo é o que eu vejo na prisão”, ressaltou Cupertino que não conhecia o namorado de sua filha.

Ele enfatizou que não havia razão para cometer o crime. “Em que intuito eu ia fazer isso na porta da minha casa, com a minha familia, meus filhos em casa? Por qual motivo? Em nenhum momento eu faria essa barbárie“.

Confrontos, informalidade e questionamento

Durante sua fala, Cupertino levantou, tentou falar informalmente com o juiz, cutucou os promotores de Justiça, ofendeu o advogado de acusação Fernando Viggiano e até questionou seus próprios advogados.

Em um momento que explicava sua versão sobre o ator Rafael Miguel, o promotor de Justiça Thiago Marin tentou comentar a fala. O réu levantou, deu um passo a frente e confrontou o promotor: “Você quer me interromper?”. O juiz interrompeu e pediu que Cupertino ficasse sentado, que então se desculpou.

Paulo também tentou conversar informalmente com o magistrado durante o interrogatório. Ele citou uma situação em que o juiz Antonio teria ido até a sua cela prisional. Em um instante, o juiz afirmou que não iria dialogar com o réu.

Cupertino ainda questionou sua advogada de defesa. Quando ela tentou o interromper para dar sequência as perguntas, ele a perguntou, “não era isso que você queria? Você está me interrompendo?. 

Vivência na prisão

Cupertino está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos II. Ele foi detido em 16 de maio de 2022, após quase três anos foragido.

O réu discorreu sobre sua vivência em cárcere e relatou momentos em que foi vítima de atentados, assim como perdeu peso e conviveu com criminosos. 

“Você colhe o que você planta. Quando eu cheguei na cadeia e atravessei o pavilhão, ouvi falarem, “agora chegou o Cupertino! Agora a cadeia vai ficar boa”, contou.

Ele relata que, em uma situação, colocaram caco de vidro e “outras coisas” em uma de suas refeições, o que causou sangramentos internos e fezes com sangue.

“Reclamei para o diretor e ele disse que não podia fazer nada. Quando vi, estava sendo transferido para Presidente Venceslau”. A prisão da cidade do interior de São Paulo já conteve grandes criminosos e faccionados como Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). 

“Lá é primeiro castigo e depois prisão. Fiquei dias sem comer, cheguei a pesar 65 kg”, conta Cupertino, que apareceu visivelmente mais magro e com uma aparência discrepante a quando foi preso em 2022, com um cabelo longo e grisalho e sem barba.

Acusações de violência doméstica

A filha e a ex-mulher de Paulo Cupertino, Isabela e Vanessa, relataram diversos episódios de violência doméstica com o réu. Vanessa, inclusive, contou que já teve as costelas quebradas sete vezes e o nariz quatro vezes por Paulo.

Ao ser questionado por sua advogada, Cupertino refutou as acusações. “Espancar, ter a audácia de falar que peguei em facão… eu acho que conto de fadas não existe“, afirmou.

“Naquela época, eu não me lembro de ter quebrado um braço da vanessa… um peteleco na orelha pode ter acontecido. Mas isso foi quando ela comecou a beber”, contou Cupertino.

Ele citou que sua filha era sua aliada para tentar ajudar com os supostos problemas da mãe com bebida alcoólica. Cupertino afirma que Vanessa escondia vodka em uma garrafa de refrigerante e que, no dia do crime, quando chegou em casa e viu Vanessa, ela estava “completamente embriagada”.

Relação com a filha

Cupertino contou que sempre foi um pai muito presente, mas que não tem nenhuma foto com a filha, Isabela, ou com os outros filhos.

“Eu era o caixa eletrônico, mas eu sempre tive o prazer de ver filho meu não depender de ninguém. Tudo isso eu fazia com obrigação e com orgulho. Pagava escola, perua escolar, convênio médico…”, explicou.

Ao ser perguntado sobre os estudos de sua filha, ele disse que nunca teve problema com ela, mas que não sentava com ela para estudar junto. “Não vou mentir, desculpa mulheres, mas eu achava que era obrigação da mãe, porque eu já trabalhava“, completou.

Cupertino diz que “pegava muito no pé” e cobrava de sua filha caso a pia de casa estivesse cheia de louça ou as roupas estivessem bagunçadas no quarto da jovem.

Ele ressaltou que nunca impôs proibições à Isabela. “Nunca teve proibição, cárcere privado… para com isso, sou um cara do mundo. A isabela nunca falou para mim que namorava. Tinha limites de restrição, não ia deixar ir para o pancadão”, afirma.

Em seu depoimento, Isabela afirmou que “toda sua infância foi de proibições”

Dia do crime e relação com os réus

Depois de falar intensamente por quase 1h30, Cupertino se negou a falar sobre sua versão da data do crime, o dia 9 de junho de 2019. Porém, ele acabou contando um pouco sobre a manhã daquele dia.

“No dia, eu passei de manhã, parei o carro em frente à casa, não vou falar o que aconteceu antes, atravessei e peguei o Tadeu (filho de Cupertino), fui na minha mãe e na padaria.”.

O réu foi questionado sobre sua relação com os outros réus e seus amigos, Wanderley e Eduardo. Sobre Wanderley, o qual ele disse que chamava de Shrek, afirmou ser um “cara do bem, um amigo e um pau para toda a obra”. Cupertino ainda disse que ele era “infelizmente co-réu e injustiçado”.

Sobre Eduardo, o réu afirmou que tinha uma relação mais forte, já que ele era “mais desenrolado e do comércio”. “Uma pessoa que eu tenho um carinho muito forte”, descreveu. Cupertino ainda afirmou que Eduardo e Wanderley “não fizeram nada”.

Ao dirigir a palavra aos familiares das vítimas, Paulo afirmou que “não tem que pedir perdão e não tem arrependimento. Não vem a imagem de eu matando eles”.

Ele também pediu desculpas a todos pela forma que estava falando. “Eu estou alterado, isso não é um desafio e nem um desrespeito a ninguém”. Em um momento, ao falar diretamente com os jurados, o réu usou o termo “chapuletada” ao dizer que quer uma pena alta caso seja condenado pelos crimes, e não uma pena de 15 ou 20 anos.

Ao fim de seu depoimento, Cupertino disse: “só quero ir embora, só quero ir para casa“, referindo-se ao Centro de Detenção de Guarulhos.



Fonte: CNN Brasil

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