Cerca de 500 mil pessoas podem ficar, até o final de outubro, com escassez de água e comida devido à seca dos rios do Amazonas. Isso porque, pelo menos 95% dos municípios do Estado, que tem a navegação fluvial como principal meio de transporte, já são afetados em algum grau por uma das estiagens mais severas da região.
Das 62 cidades, 14 estão em situação de emergência, de acordo com a Defesa Civil. A região compreende as calhas do Juruá, Médio e Alto Solimões, que somam mais de 413 mil habitantes. O órgão também monitora 15 municípios em situação de alerta e 30 em atenção. Apenas três estão dentro da normalidade.
Nessa terça-feira o governador Wilson Lima (UB) se reúne com representantes do governo federal em Brasília para alinhar estratégias emergenciais. “Na terça-feira [26] reuniremos no ministério dos Transportes para alinhar as ações em apoio às pessoas que moram nos municípios afetados”, afirmou Wilson Lima.
No domingo, o governador do Amazonas afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “se colocou à disposição”, em uma conversa pelo telefone, para apoiar as famílias das cidades mais afetadas pela estiagem.
Cidades afetadas
O Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa) da Defesa Civil do Amazonas registra, até esta segunda-feira, 14 municípios em situação de emergência: Atalaia do Norte; Benjamin Constant; Amaturá; São Paulo de Olivença; Santo Antônio do Içá; Tonantins.
Estão em alerta: Boca do Acre; Pauini; Humaitá; Manicoré; Novo Aripuanã; Nova Olinda do Norte; Borba; Guajará; Carauari; Juruá; Tabatinga; Alvarães; Fonte Boa; Maraã; Japurá.
Cidades em atenção: Lábrea; Tapauá; Beruri; Canutama; Manaus; Novo Airão; São Gabriel da Cachoeira; Santa Isabel do Rio Negro; Barcelos; Anamã; Anori; Caapiranga; Careiro; Careiro da Várzea; Codajás; Iranduba; Manacapuru; Manaquiri; Itacoatiara; Silves; Itapiranga; Urucurituba; Autazes; Barreirinha; Boa Vista do Ramos; Nhamundá; Urucará; São Sebastião de Uatumã; Parintins; Maués.
Saúde em alerta
O Governo do Amazonas lançou, nesta segunda-feira, o Plano de Contingência das Ações de Vigilância em Saúde para Estiagem no Amazonas, para orientar os municípios para enfrentar as situações neste ano. O documento descreve que, a partir do cenário de risco identificado, são implementadas atividades específicas classificadas em quatro níveis de resposta, que podem evoluir ou regredir durante o manejo da resposta.
A coordenação do plano é da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas- Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES). Com o período da seca, as famílias ficam mais vulneráveis a problemas de saúde.
“É um momento de alerta e uma das principais preocupações para a vigilância em saúde está na qualidade da água para consumo humano (…) Entre os principais problemas com a vazantes dos rios é que a água ofertada em quantidade insuficiente ou com qualidade fora dos padrões pode ocasionar um aumento de casos de doença diarreica aguda por transmissão hídrica”, afirmou a presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim.
Situação de emergência
No último dia 12 de setembro, o governador do Amazonas assinou o decreto de Situação de Emergência Ambiental para municípios das regiões Sul do Estado e Metropolitana de Manaus e, também, apresentou o plano de ação da Operação Estiagem 2023, que envolve 30 órgãos da administração direta e indireta do Governo do Amazonas.
As ações têm como medidas:
- Apoio às famílias afetadas em áreas como saúde e abastecimento de água;
- Distribuição de cestas básicas, kits de higiene pessoal;
- Renegociação de dívidas e fomento para produtores rurais.
A Defesa Civil do Estado prevê que, devido à influência do fenômeno climático El Niño, que inibe formação de nuvens de chuva, a estiagem deste ano seja prolongada e mais intensa se comparada a anos anteriores.