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A crença popular de que “pegar friagem” causa gripe não é completamente correta, mas tem fundamento. O frio não transmite vírus, porém cria condições ideais para que doenças respiratórias, como gripe, resfriado, rinite, sinusite e até pneumonias se espalhem com mais facilidade.
Com a queda acentuada de temperatura em diversas regiões do Brasil, pelo menos oito capitais devem registrar a menor média do ano nos próximos dias, especialistas alertam que o frio exige cuidados redobrados com a saúde respiratória.
O ar gelado não é responsável direto por infecções, que são causadas por vírus ou, em alguns casos, por bactérias oportunistas. No entanto, ele tem um papel decisivo no aumento desses casos.
O contato com o ar frio resseca o muco que reveste as vias aéreas, como nariz, garganta e pulmões. Esse muco funciona como uma barreira de defesa, impedindo que vírus, bactérias e outras partículas inaladas atinjam as células. Quando está ressecado, essa proteção natural perde eficácia, deixando as vias respiratórias mais vulneráveis.
Além disso, o frio reduz a atividade dos cílios presentes no sistema respiratório. Essas estruturas microscópicas são responsáveis por empurrar o muco e as impurezas para fora do organismo. Com essa função comprometida, o organismo tem mais dificuldade em expulsar agentes infecciosos.
Frio deve chegar, ou já chegou, com força em vários lugares do Brasil nos próximos dias (Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Quem sofre mais com o frio
Pessoas que já possuem doenças respiratórias, como rinite, sinusite e asma, são particularmente afetadas. O ar gelado funciona como um gatilho que agrava essas condições. Isso acontece porque, além do ressecamento do muco, o frio provoca a contração dos brônquios, tornando a respiração ainda mais difícil.
O quadro se agrava quando se considera o comportamento das pessoas durante períodos frios. Ambientes fechados, janelas trancadas e pouca ventilação facilitam a propagação de vírus como influenza, rinovírus e VSR (vírus sincicial respiratório). Nessas condições, o ar carrega partículas contaminadas por mais tempo e com maior facilidade.
Quando o sistema imunológico se concentra no combate a um vírus, ele pode ficar temporariamente enfraquecido, abrindo espaço para infecções bacterianas secundárias, como pneumonias.
Como se proteger
Embora seja impossível evitar totalmente o contato com o ar frio, existem medidas que ajudam a minimizar os riscos:
• Hidratação constante e lavagem nasal: Manter o corpo hidratado e higienizar as vias nasais ajuda a conservar o muco protetor em condições ideais, reforçando a defesa natural do organismo.
• Vacinação contra a gripe: A vacinação segue sendo a medida mais eficaz para reduzir a gravidade dos quadros virais. Embora não impeça completamente a infecção, a vacina diminui significativamente o risco de complicações. No Brasil, a adesão ainda está abaixo do ideal, com apenas 33% dos grupos prioritários vacinados até o momento.
• Proteção das vias aéreas: Usar cachecóis, lenços ou máscaras ajuda a aquecer o ar inalado, reduzindo o impacto do frio sobre as vias respiratórias. Além disso, máscaras seguem sendo barreiras eficientes contra vírus em ambientes fechados ou muito movimentados.
• Higiene das mãos: Lavar as mãos regularmente e usar álcool em gel continua sendo fundamental, já que gotículas contendo vírus podem se depositar em superfícies e objetos de uso comum.
O cenário global
Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, e da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 500 milhões de pessoas no mundo se infectam todos os anos com o vírus da influenza. Entre 290 mil e 650 mil dessas infecções evoluem para casos fatais.
A transmissão acontece principalmente por meio de gotículas liberadas no ar quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou até mesmo fala. Os sintomas vão desde coriza, tosse e dores no corpo até febre alta, calafrios e forte mal-estar.
Fonte: ICL Notícias