O ex-primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, criticou duramente a liderança política do país e a conduta das forças armadas, dizendo à CNN que não tem mais condições de defender o país contra acusações de crimes de guerra.

Olmert, que governou o país de 2006 a 2009, destacou o bloqueio israelense à ajuda humanitária em Gaza, que durou 11 semanas, e o crescente número de palestinos mortos.

“O que é isso senão um crime de guerra?”, questionou em entrevista à CNN.

Ele falou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e integrantes de ultradireita do governo estão “cometendo ações que não podem ser interpretadas de outra forma”.

Desde o início da guerra, Olmert defende Israel no exterior contra acusações de genocídio e limpeza étnica em Gaza.

Quando mulheres e crianças foram mortas, o ex-premiê afirmou ter dito a autoridades e entrevistadores que o país não atacaria civis deliberadamente.

Mas, 19 meses depois do início de uma guerra que, segundo Olmert, deveria ter terminado há um ano, ele acredita que não pode mais sustentar essa tese.

Ele conversou com a CNN após a publicação de um artigo de opinião no jornal israelense Haaretz na terça-feira (27), no qual escreveu: “O que estamos fazendo em Gaza agora é uma guerra de devastação: assassinatos indiscriminados, ilimitados, cruéis e criminosos de civis”.

A CNN solicitou ao Gabinete do primeiro-ministro um comentário sobre o artigo de opinião de Olmert.

Mais de 54 mil palestinos foram mortos em Gaza desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde Palestino em Gaza, incluindo pelo menos 28 mil mulheres e crianças.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram em janeiro que haviam matado mais de 20 mil combatentes do Hamas.