Conforme o instituto, há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos no Lago Tefé.
A causa das mortes de, pelo menos, 110 botos no Lago Tefé, no interior do Amazonas, serão investigadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O órgão mobilizou equipes de veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras, para resgatar os animais encalhados.
Conforme o ICMBio, há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos na região. Protocolos sanitários foram adotados para a destinação das carcaças.
“O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies”, informou o instituto.”
Retirada de animais vivos
Conforme o Instituto Mamirauá, para tentar diminuir os danos, é realizada uma ação emergencial para a retirada dos animais ainda vivos. Os trabalhos iniciaram no sábado e seguem neste domingo (1º), estão sendo feitos os seguintes procedimentos.
- Ações de monitoramento dos animais ainda vivos,
- Busca e recolhimento de carcaças,
- Coletas de amostras para análises de doenças e da água,
- Monitoramento das águas do lago, incluindo a temperatura da água e batimetria dos trechos críticos.
As ações são realizadas em parceria com a prefeitura de Tefé, o ICMBio e a Defesa Civil. A última contagem da população desses animais, feita anos atrás, indica que há em torno de 800 e 900 botos e 500 tucuxis na região.
“A partir desse final de semana vão chegar equipes que vão nos dar apoio e com experiência em resgate de cetáceos vivo para que nós possamos capturar e resgatar alguns dos animais ainda com vida, analisar a saúde, o sangue, alguns parâmetros vitais dos animais para entender melhor o que está acontecendo. E a partir daí tomarmos decisões do que fazer com esses animais, como melhorar a situação deles, se é possível fazer alguma coisa para que eles não continuem perecendo aqui no lago”, disse a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, durante entrevista para Rádio Nacional da Amazônia.
Uso da água
Segundo o Instituto Mamirauá, em alguns pontos do lago a temperatura está ultrapassando a marca dos 39°.
Diante do cenário, ainda na sexta foi lançado pelo órgão um alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e o uso recreativo.
“A água para é primordial para os amazônidas e essa água, que atualmente não está propícia para o boto, também não é propícia para o humano. Tanto para nadar, como para consumir. Então, que a gente fique muito alerta quanto a isso”, disse Miriam.
“A situação é muito crítica, é emergencial, é uma coisa inusitada. Nunca tínhamos visto algo semelhante, embora já tenhamos passado por várias secas grandes aqui grandes na Amazônia”, completou a pesquisadora.