Luís Moraes – Portal R6 News
O céu de Manaus dá as boas-vindas a outubro da mesma forma que se despede de setembro: encoberto em uma densa cortina de fumaça. O início de setembro já testemunhou a chegada desse manto de fumaça, que dificultou a circulação aérea e reduziu a visibilidade nas ruas da capital do Amazonas. Esse fenômeno é desencadeado pelas queimadas na região metropolitana de Manaus, que, aliás, estão castigando o estado como nunca antes.
Até ao momento, a capital já registrou alarmantes 11.439 focos de calor neste ano, e ainda faltam quase três meses para o término do ano. As consequências desse fumaceiro são claramente evidentes no sistema de saúde. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), as chamadas para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aumentaram em 15% nas últimas semanas. A maioria dos casos envolve pedidos de orientação sobre como agir diante de crianças que sofrem devido à inalação de fumaça.
Os sintomas de intoxicação pela fumaça incluem dificuldade respiratória, tosse, congestão nasal e irritação nos olhos. A recomendação é que a população se mantenha hidratada, evite a prática de exercícios físicos em áreas com alta concentração de fumaça e utilize soro fisiológico para limpar as vias nasais. Em casos graves de asma e outras doenças respiratórias, é fundamental procurar atendimento médico.
As queimadas no Amazonas aumentaram nos últimos anos, a ponto de, desde 2012, o estado superar Rondônia em número de focos de calor. O clima adverso também desempenha um papel crucial nesse cenário.
As queimadas são favorecidas por um ambiente muito quente e mais seco do que o normal, consequência do El Niño. Durante a noite, quando a temperatura diminui, uma fumaça que se acumula na atmosfera tende a baixar, criando uma névoa sobre Manaus.
Durante o dia, com o aumento da temperatura, a fumaça tende a se dissipar um pouco, mas retorna nas primeiras horas da noite. Essa situação deve continuar a se repetir caso as queimadas não sejam controladas e os ventos noturnos, que poderiam ajudar a dispersar a fumaça, não colaboram.