Os cerca de 70 milhões de reais doados pelo Faraó dos bitcoins para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no Brasil entrou na mira dos investidores lesados pela GAS Consultoria.

A empresa, cujo dono é o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, o ‘faraó’, fez a doação para a igreja enquanto ainda captava recursos com investidores.

Como foi um pastor ligado a esta no passado, fez a doação como forma de agradecimento, mas acabou tendo problemas. Segundo publicação do Livecoins sobre o processo, ainda na fase inicial, a própria Universal processou Glaidson pedindo a produção de provas antecipadas, para que ele comprovasse a licitude dos valores doados.

Contudo, o doador alvo da PF na Operação Kryptos se irritou com a postura da Igreja e pediu em outro processo a devolução dos R$ 72 milhões.

Processo movido pelo Faraó dos bitcoins contra Igreja Universal

Ex-pastor e preso, Glaidson demonstrou total insatisfação com as indagações da Igreja e, por conta disso, espera reaver o valor desde novembro de 2022. Ele está preso desde 2021, assim como sua esposa a venezuelana Mirelis Zerpa.

Na justiça, ele defendeu que as doações foram realizadas de forma lícita, pelo simples fato de que Glaidson se “sentia acolhido pela família Universal”.

Contudo, um dos pastores do Templo de Salomão, sede da Igreja, pregou aos fiéis que eles caíram na pirâmide da GAS, o que irritou ainda mais o ex-pastor. O vídeo consta nos autos do processo que tem como base a revogação de doação, no artigo n.º 555 do Código Civil.

De acordo com informações divulgadas pelo jornalista Ancelmo Gois no OGlobo desta terça-feira (1), a massa falida da GAS Consultoria quer que o dinheiro da ação, caso seja devolvido pela Universal, vá direto para uma conta judicial vinculada ao processo de falência.

Assim, se qualquer valor seja devolvido neste processo, pode ir diretamente para os credores da empresa, investidores de todo o Brasil e de outros países, que acreditam na promessa de 10% ao mês de rentabilidade sobre investimentos.

Mesmo assim, vale o destaque que não houve ainda o deferimento da revogação de doação, processo que segue em trâmite na justiça. Ou seja, caso reste indeferido, o valor segue a disposição da igreja comandada pelo Bispo Edir Macedo no Brasil.

Relembre o caso da GAS Consultoria

A GAS Consultoria, fundada por Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, prometia lucros mensais de até 10% com investimentos em criptomoedas.

A empresa operava principalmente em Cabo Frio (RJ) e atraía milhares de investidores. Em 2021, a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos, revelando um esquema de pirâmide financeira.

Glaidson foi preso e acusado de crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Estima-se que mais de R$ 38 bilhões tenham circulado no esquema. A GAS não tinha autorização da CVM para atuar no mercado de valores mobiliários.

Milhares de clientes não conseguiram reaver o dinheiro investido. O caso ganhou repercussão internacional e levantou alertas sobre fraudes de pirâmides financeiras com criptomoedas no Brasil.