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Por Rafael Costa – Voz das Comunidades
Uma festa junina que acontece há mais de 50 anos no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, foi interrompida bruscamente com uma incursão do BOPE na madrugada deste sábado (7). Vídeos mostram uma festa alegre, com muita dança, música e crianças brincando, que é subitamente interrompida por rajadas de tiros. Cinco pessoas foram atingidas, entre elas Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, que não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Glória D’Or.
Osmoradores do Santo Amaro fizeram neste sábado uma manifestação em protesto contra a ação da PM e um novo ato, denominado “Justiça por Herus Guimarães Mendes”, está previsto para este domingo, às 14h.
Manifestação dos moradores contra a ação da polícia no Santo Amaro. Uendell Vinicius / Voz das Comunidades
O site Voz das Comunidades subiu o morro e ouviu moradores que estavam na festa. Preservando a identificação, os relatos são impactantes:
“Tinha um monte de crianças, que só queriam dançar. Era festa junina, não era baile funk. Eles simplesmente chegaram atirando em crianças, em todo mundo”.
“Eu entrei na frente, abri os braço e falei: “Você vai me dar tiro também?”. Aí ele respondeu “Sai da frente”. Como é que é? “Sai da frente”??? Tinha um monte de criança aqui, jogaram bombas de gás em cima da gente. Isso é covardia”.
“A gente precisa saber das autoridades por que eles foram praquele lugar àquela hora? Quase quatro horas da manhã”, questionou Fernando Guimarães, pai de Herus. “Quem foi que autorizou isso? A gente precisa saber! A vida do meu filho nunca vai voltar”, desabafou, já sem acreditar que os policiais envolvidos na incursão serão responsabilizados pela ação.
Um dos feridos durante a incursão foi Emanuel da Silva Félix, de 16 anos. À TV Globo, o adolescente contou que estava sentado quando os policiais do BOPE chegaram e mandaram que ele não se levantasse. “Eu não ficaria sentado vendo a bala comendo. Quando eu fui descer para avisar o pessoal, um menino que é de lá disse que não era para eu ir por uma viela porque os policiais iriam passar por lá. Quando eu voltei, a bala começou a comer de verdade. Em seguida, eu só senti a bala nas minhas costas”, relatou. Emanuel recebeu alta nesta tarde.
Outro ferido foi o cozinheiro Leurimar Rodrigues, baleado durante a festa junina. Ele segue internado. A esposa dele, Leidiane Ferreira, também falou à TV Globo sobre o momento em que os agentes do BOPE chegaram: “A gente saiu correndo. Eu fui pra um lado, ele ficou no outro. Quando vi, ele já estava caído no chão, baleado. Pra gente que mora na comunidade, é muito angustiante isso acontecer. Os policiais chegam atirando, a gente nem sabe de onde veio o tiro. Uma multidão de gente ali… acontecer isso é desesperador”, desabafou.
Na tarde de sábado, a Polícia Civil realizou a perícia no local da festa junina.
Fonte: ICL Notícias