O Ministério Público da Bahia (MPBA) pediu a preservação do local que acredita ser o maior cemitério de escravizados da América Latina. O local fica em Salvador, onde ossadas foram localizadas durante escavações no estacionamento da Pupileira, área pertencente à Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
O MP oficiou a Santa Casa de Misericórdia da Bahia para que a área das escavações não seja mais utilizada. A descoberta foi anunciada em coletiva de imprensa na sede do MPBA, com a presença de promotoras de Justiça, pesquisadores e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As escavações, realizadas em duas áreas de 1 por 3 metros e 2 por 1 metros, revelaram ossadas a 2,7 metros de profundidade, incluindo ossos largos e dentes. Devido à fragilidade do material, as ossadas não foram retiradas e o local foi coberto para preservação.
Possível marco histórico
A localização, identificada como parte do antigo Cemitério do Campo da Pólvora, pode abrigar mais de 100 mil corpos de escravizados, além de pessoas marginalizadas da época, como indigentes, não-batizados e criminosos. O cemitério teria funcionado entre o final do século XVII e meados do século XIX.
Fragmentos de ossos serão enviados para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para análise. O processo de reconhecimento do local como sítio arqueológico, denominado “Sítio Arqueológico Cemitério dos Africanos”, já foi encaminhado ao Iphan.
O MPBA atua para a preservação do local, considerado um potencial sítio arqueológico. Uma audiência pública será realizada pelo Iphan para discutir os próximos passos para a preservação do local como patrimônio cultural material e imaterial.
A descoberta é considerada uma reparação histórica, trazendo à luz um capítulo sombrio da história do Brasil. O Cemitério do Campo da Pólvora, invisibilizado por camadas de aterro, representa um importante vestígio do passado escravocrata do país.
Fonte: CNN Brasil