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O Brasil deixa seus golpistas fugire e finge surpresa quando isso acontece


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Por Cleber Lourenço

 

O Brasil vive uma crise estrutural em sua capacidade de responsabilizar golpistas. Se no passado a anistia foi formal e coletiva, hoje ela assume uma nova roupagem: a permissividade institucional. Não é que não saibamos quem são os envolvidos. Sabemos. O problema é que o Estado escolhe não agir — ou age tarde demais, quando os culpados já cruzaram a fronteira.

A fuga da deputada federal Carla Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão, escancara a falência dessa estrutura. Mesmo após ser sentenciada, Zambelli não teve o passaporte retido, não foi monitorada, nem sequer teve restrição para circular. Partiu por terra rumo à Argentina, de onde embarcou para os Estados Unidos. Já em solo estrangeiro, anunciou que pretende viver na Itália, onde tem cidadania — jogada clássica para dificultar qualquer tentativa de extradição.

Esse episódio não é um ponto fora da curva. É a continuidade de um padrão que se repete com nomes como Sara Winter e os foragidos dos atos golpistas de 8 de janeiro. Muitos desses indivíduos encontraram acolhida em países vizinhos ou nos Estados Unidos, onde seguem livres, articulados e ativos na propagação de discursos golpistas.

Golpistas: fugas anunciadas

O mais grave é que essas fugas não ocorrem no silêncio ou nas sombras. Elas são anunciadas. Zambelli já havia sinalizado sua disposição de não cumprir a decisão do Supremo. Em 2023, seu passaporte chegou a ser apreendido, mas, meses antes da fuga, a própria Justiça autorizou a devolução do documento, mesmo diante do risco evidente de evasão.

Ainda assim, o Estado brasileiro assistiu inerte, alegando depois que não havia mandado de prisão. Mas a pergunta óbvia é: por que não havia? Que tipo de sistema jurídico precisa ver o avião decolar para só então perceber o risco de evasão?

A complacência com os golpistas não é resultado de falhas isoladas. É uma escolha política. Uma opção deliberada por não confrontar setores que ainda têm força institucional, apoio financeiro e proteção de elites conservadoras. Quando o Estado se omite diante de quem atenta contra a democracia, está, na prática, endossando essa ofensiva.

golpistas

O ex-presidente Jair Bolsonaro não enfrenta medida cautelar (Foto: Reprodução)

E entre todos os nomes blindados, Jair Bolsonaro continua sendo o mais emblemático. O ex-presidente está no centro das investigações sobre tentativa de golpe, manipulação de dados e articulações golpistas. E mesmo assim, não enfrenta nenhuma medida cautelar.

Nem tornozeleira, nem retenção de passaporte, nem impedimento de deixar o país. Bolsonaro chegou a se esconder por 24 horas na embaixada da Hungria em Brasília — uma ação escancaradamente voltada a ensaiar uma fuga. E qual foi a resposta institucional? Nenhuma. Nenhuma punição. Nenhuma providência. Nenhuma consequência.

O Judiciário, nesse cenário, parece concentrar esforços em quem já está sob custódia. Mas ignora os nomes graúdos, os líderes, os articuladores que escapam pela porta da frente. Não se trata apenas de justiça seletiva. Trata-se de um projeto de impunidade: punir os pequenos para mostrar serviço, enquanto se poupa os verdadeiros operadores do caos.

A democracia brasileira está sendo corroída por dentro. Se o país continuar permitindo que seus golpistas fujam, se continuar tratando a sabotagem institucional como um crime menor, então a própria noção de Estado de Direito se torna frágil. Cada fuga que não é impedida, cada omissão travestida de burocracia, fortalece a certeza de que o crime compensa  — e que a fuga é apenas uma formalidade entre o julgamento e o esquecimento.

No Brasil de hoje, não basta dar o golpe. É preciso comprar também uma passagem para o exterior.





Fonte: ICL Notícias

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