Por AFP

“Adeus amigo”, “velho querido”, “figura excepcional”. O Uruguai e líderes políticos de todo o mundo choraram a morte, nesta terça-feira (13), do ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, vítima de um câncer.

Desde o anúncio do presidente Yamandú Orsi na rede X sobre o falecimento do carismático ex-guerrilheiro, as reações de solidariedade e em memória do ex-dirigente se multiplicaram.

“Vamos sentir muito a sua falta, Velho querido. Obrigado por tudo o que você nos deu e por seu profundo amor por seu povo”, disse Orsi.

O ex-presidente uruguaio Luis Lacalle Pou ofereceu seu “respeito e saudação para seu partido político, seu povo e sua companheira de vida”, Lucía Topolansky. “Isso me faz destacar o que é bom e as coincidências”, disse ele no X.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou Mujica como “exemplo” e destacou que “sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial”.

“Conheço muita gente, muitos presidentes, muitos políticos, mas nenhum deles se iguala à grandeza da alma de Pepe Mujica. Ele era uma figura excepcional”, comentou, emocionado, no começo de uma entrevista coletiva em Pequim, onde realiza uma visita de Estado.

O também ex-guerrilheiro Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, o classificou de “grande revolucionário”. “Adeus amigo”, disse.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também o considerou um “exemplo para a América Latina e o mundo inteiro” por sua sabedoria e simplicidade.

Mujica e seu fusca azul ano 1987. (Foto: AFP)

Mujica, esperança insaciável

Romântico, o presidente chileno Gabriel Boric escreveu: “Caro Pepe, imagino que você esteja saindo preocupado com o sabor amargo que temos no mundo hoje. Mas, se você nos deixou algo, foi a esperança insaciável de que é possível fazer melhor.”

“Sua vida foi um testemunho de rebeldia e amor por seu povo. Seu legado vai permanecer em nossos corações”, afirmou o presidente boliviano, Luis Arce.

“Toda a América Latina está de luto”, disse, por sua vez, o ex-presidente boliviano Evo Morales.

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, se despediu do líder que classificou como “um homem fiel a suas ideias e trabalhador incansável da integração americana”.

O dirigente cubano Miguel Díaz-Canel relembrou no X a “fase esperançosa das esquerdas no poder e o sonho não realizado da integração”. “Não se esqueçam”, pediu.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, manifestou, em sua conta no Telegram, seu “pesar” ao “homem humilde e lutador social incansável, cuja vida foi de luta, enfrentando todas as vicissitudes com integridade e dignidade”.

“Lamento profundamente a partida de José ‘Pepe’ Mujica”, assinalou o presidente da República Dominicana, Luis Abinader. “Tive a honra de conhecê-lo e aprender com sua sabedoria e humildade”, disse sobre o político que classificou de “referência moral e humana”.

“Adeus, querido Pepe. Exemplo de humildade e de grandeza. De liderança entendida como serviço sempre aos que mais precisam”, manifestou, por sua vez, o presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo.

A Presidência peruana expressou em comunicado o “profundo pesar” pela partida de quem foi “exemplo de fidelidade a seus princípios”.

Pepe Mujica e Lucía Topolansky (Foto: Reprodução)

“Lembremos dele em sua lucidez, o admirando no espelho dos Tempos, onde soube assumir o necessário e o que considerou correto e próprio, em sua perspectiva pessoal e humana de Militância Revolucionária”, escreveu em nota o governo do nicaraguense Daniel Ortega.

Mujica acreditava em “um mundo melhor”, afirmou o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez. “A política ganha sentido quando se vive assim, a partir do coração”, acrescentou sobre a vida de Mujica, que, no início deste ano, anunciou que estava abandonando os tratamentos contra o câncer de esôfago que foi diagnosticado em 2024.

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner, com quem Mujica teve duros desencontros, disse que a “América Latina se despede de um grande homem que dedicou sua vida à militância e à sua Pátria”.

O líder da esquerda radical francesa, Jean-Luc Mélenchon, agradeceu a Mujica “por toda a coragem” e pelo “exemplo”. “Obrigado por sua lição de vida”, disse sobre a memória do ex-presidente que ficou famoso no mundo por um estilo de vida sóbrio, mas também pela aprovação em seu mandato (2010-2015) da lei que regulamentou o mercado da maconha no Uruguai e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Mujica viveu até o final de seus dias em sua humilde casa no campo, na periferia a oeste de Montevidéu, junto com sua esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky.