Medicamentos como o Ozempic e o Wegovy, da Novo Nordisk, e o Mounjaro, da Eli Lilly, se tornam cada vez mais populares devido aos seus efeitos na perda de peso. Inicialmente aprovadas para o tratamento do diabetes tipo 2, as moléculas presentes nesse tipo de remédio, conhecido como “canetas emagrecedoras”, são amplamente usadas para tratar obesidade.
A fama desses medicamentos se dá pela forma como eles atuam no organismo: a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, atua diretamente na secreção de insulina pelo pâncreas, ajudando a regular o nível de glicemia. Além disso, a molécula ajuda a retardar o esvaziamento gástrico, promovendo maior sensação de saciedade.
Já o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida. Essa molécula é da mesma classe da semaglutida — os chamados agonistas de GLP-1, um hormônio produzido pelo intestino. No entanto, seu diferencial está em uma segunda atuação: a molécula também age no receptor do GIP, outro hormônio que desempenha papel importante na regulação da glicemia e no metabolismo lipídico.
Em ensaios clínicos, o Wegovy levou à redução média de 17% do peso, sendo que um terço dos pacientes apresentou redução superior a 20%. Em outro estudo recente, o Mounjaro promoveu uma perda de peso relativa 47% maior do que seu concorrente.
Mas e quando o tratamento acaba, o que acontece? Segundo Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é fundamental que tanto a indicação do uso desses medicamentos, quanto o desmame e o fim do tratamento sejam feitos com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Isso inclui, além de endocrinologista, profissionais de saúde como nutricionais e psicólogos, para evitar o temido “efeito rebote“, ou seja, o reganho de peso.
“Esses medicamentos agem em hormônios intestinais, ou seja, eles agem diretamente no centro da saciedade. Isso faz com que a retirada [do remédio] seja mais tranquila, com diminuição gradual das doses”, explica Petry à CNN. “Se o paciente está em acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista, por exemplo, ele aprende a escolher melhor os alimentos e esse processo é importante para que ele não sinta aquela fome enorme quando para com a medicação, pois ele pode, sim, voltar a hábitos antigos sem esse acompanhamento”, afirma.
A especialista reforça, ainda, que a obesidade é considerada uma doença crônica, assim como o diabetes tipo 2. Por isso, o tratamento e o acompanhamento médico devem ser feitos ao longo da vida, mesmo após a diminuição do peso e a regulação da glicemia.
“É importante ressaltar que a culpa [por um possível efeito rebote] não é da pessoa. A culpa é da própria doença”, afirma, explicando que a obesidade possui fatores causais relacionados à genética. “O mecanismo da obesidade faz com que a pessoa ganhe peso novamente. Quando a pessoa perde peso, o corpo tenta lutar contra essa perda. É um mecanismo de defesa que a ciência ainda não conseguiu mudar. E isso acontece através do metabolismo, que vai ficando mais lento, e da produção de hormônios que dão mais fome”, esclarece.
Para minimizar o impacto do fim do uso desse tipo de medicamento, além do acompanhamento nutricional e psicológico — para tratar, quando houver, questões emocionais como compulsão alimentar, por exemplo –, é importante praticar exercícios físicos.
“Essa é a base para uma vida saudável a todos, não somente para quem tem obesidade. Mas, para esses pacientes, é importante que esse processo de mudança de estilo de vida seja feito ainda com a medicação, para que o paciente desenvolva essa disciplina desde o começo [do tratamento]”, orienta.
Mounjaro, medicamento para diabetes, chega ao Brasil em junho
Fonte: CNN Brasil