O papa Francisco deixou uma marca significativa na geopolítica mundial com suas declarações corajosas e incisivas, especialmente em relação aos refugiados e às guerras em curso. Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, analisou o impacto das falas do pontífice em entrevista à CNN Brasil.

Brustolin destacou a coragem do papa ao criticar a construção de muros nos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump, classificando tal ação como “não cristã”. O professor ressaltou que Francisco foi particularmente enfático em suas críticas aos conflitos em Gaza, no Oriente Médio e na Ucrânia.

Durante os 12 anos de pontificado, Francisco não se limitou a comentar apenas os conflitos mais midiatizados. Ele também chamou atenção para a guerra no Sudão, menos divulgada, mas igualmente devastadora. Brustolin destacou que a postura do pontífice contra as guerras e em defesa dos direitos humanos foi consistente e marcante.

A origem sul-americana do papa Francisco influenciou significativamente sua visão sobre imigração e povos indígenas. Em 2022, ele condenou as ações da Igreja Católica contra os indígenas no Canadá, chamando-as de “genocídio cultural”. Esta declaração foi considerada notável, dado o histórico da Igreja na colonização da América do Sul.

O pontífice argentino mostrou-se um ferrenho defensor da imigração e do acolhimento aos imigrantes, contrastando com políticas mais restritivas na Europa e nos Estados Unidos. Brustolin observou que a postura do papa reflete a realidade da América do Sul, de onde muitos refugiados e imigrantes são originários.