A Praia da Ponta Negra, situada na zona Oeste de Manaus, está interditada pelo prazo de 90 dias para banho, em virtude da estiagem do rio Negro. que nesta segunda-feira (2) marca 15 metros e 29 centímetros, abaixo dos 16 metros considerados seguros pelo Serviço Geológico do Brasil – Compahia de Pesquisas de Recursos Naturais (SGB-CPRM).
O prefeito David Almeida informou que a interdição pode ser prorrogada o que vai depender da severidade da seca deste ano. A medida visa garantir a segurança dos banhistas, uma vez que segundo o gestor municipal a areia apresenta instabilidade sendo classificada com movediça.
“Com a cota d’água até 16 metros temos aí uma delimitação de até 30 metros de segurança para o banho. Abaixo de 16m, essa cota diminui o nível para 15 m de segurança. E existem buracos em função do aterramento e a praia é artificial. Isso foi constatado pelo CPRM e Corpo de Bombeiros (Militar do Amazonas)”, explicou Almeida.
A interdição ocorre em cumprimento ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado no dia 21 de março de 2013 pela Prefeitura de Manaus, Governo do Amazonas e Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM). Segundo o TAC Parque Ponta Negra, o acesso dos banhistas deve ser proibido a partir do momento em que as águas do rio Negro atinjam a cota de 16 metros, classificado como zona de risco.
Em 2015 a praia foi interditada quando as águas desceram até essa marca limite. O lugar passou por uma requalificação, no ano de 2012, e por um processo de aterramento que cobriu a praia natural com areia fina num trecho de 600 metros a partir do antigo Hotel Tropical, indo em direção ao rio cerca de 80 metros.
Ao chegar na cota de 16 metros o SGB – CPRM identificou desníveis abruptos e também valas na areia artificial e os banhistas não possuem uma margem de segurança para o banho. “Hoje de manhã nós andamos pela praia (da Ponta Negra) e você ao pisar na areia o pé afunda. Então, é um risco muito grande que nós temos”, disse Almeida.
Esse desnível abrupto pode ocasionar buracos e depressões que surgem oriundos do movimento natural de subida e descida das águas do rio, conforme nota do Implurb. Segundo a pasta, a interdição do uso da praia pode ocorrer sempre que os laudos e ou relatórios comprovarem que a praia encontra-se imprópria para o uso dos banhistas.
Assistência nas comunidades
A estiagem deste ano já começa a afetar os abastecimentos de água e alimento em comunidades ribeirinhas. Uma balsa será utilizada para levar galões e bombonas de água, além de cestas básicas para moradores da zona rural da cidade. Segundo Almeida, 6 mil 558 pessoas serão assistidas com a ajuda de mantimentos. Esse número representa 1 mil 580 famílias somente na região do rio Negro.
Poços artesianos também serão construídos em comunidades. Almeida detalhou que no prazo de 30 dias espera entregar de 20 a 30 poços de até 150 metros com sistema de armazenamento e distribuição. “Todas elas serão assistidas. Esse trabalho não se dá somente hoje, esse alimento vai acabar. Acredito que com a reunião. Provavelmente, vamos fazer essas entregas de 15 em 15 dias dependendo das condições dessa estiagem”, disse.
Além da balsa, lanchas da Secretaria Municipal de Educação (Semed) serão utilizadas para transportar mantimentos para 50 comunidades, sendo 33 na região do rio Negro até o município de Novo Airão e 17 na localidade do rio Amazonas. O gestor municipal informou que para essa medida assistência está utilizando recursos da Prefeitura de Manaus, mas não divulgou valores. A concessionária Águas de Manaus presta apoio com fornecimento de água.
“As escolas municipais serão a base para distribuição desses alimentos e também da água, e depois de 15 dias a gente retorna. Essas bombonas serão trocadas, quando fomos na segunda vez troca pela água que levaremos na (bombona) cheia. A nossa intenção é perfurar entre 20 e 30 poços nas maiores comunidades levando assim o armazenamento e distribuição para essas pessoas”, declarou Almeida.
O gerente de responsabilidade social da Águas de Manaus, Semy Ferraz, afirmou que a concessionária disponibiliza 95 mil litros de água distribuídos entre galões e bombonas para atender as comunidades. Questionado sobre a situação de Manaus se existe a possibilidade de falta de água nas casas em virtude da forte seca, Ferraz informou que a empresa está monitorando a situação.
“Nós estamos monitorando, por enquanto não tem risco para o abastecimento. Mas, é importante o consumo sem desperdício. Com certeza a água que é desperdiçada poderá faltar para outros. O importante é a gente trabalhar no sentido da conscientização do uso racional da água. Principalmente no momento tão crítico como é essa estiagem”, pontuou o gerente.