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Por Artur Búrigo
(Folhapress) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), caracterizou o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) que apura a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus em uma trama golpista como uma “coisa pequena” contra adversários políticos.
Em busca de viabilizar uma candidatura presidencial, o mineiro tem procurado atrair o eleitorado de Bolsonaro, que está inelegível. Nas últimas semanas, ele passou a enviar sinais mais claros a esse campo, como quando relativizou a ditadura militar no Brasil.
“Muitas vezes parece haver uma certa perseguição política a adversários, né? Nós temos tantos temas importantes no Brasil para lidarmos que dizem respeito ao futuro, tantas decisões que dependem do Supremo e muitas vezes nós ficamos aí, vamos dizer, olhando questões pequenas porque quem está envolvido é um adversário político”, disse Zema em entrevista nesta quarta-feira (11) à rádio Itatiaia.
Ele repetiu a tese de aliados do ex-presidente de que a ação representa uma espécie de perseguição, mas também disse estar “satisfeito de ver a Justiça brasileira funcionando”, com direito à ampla defesa.
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Zema em 2026
Indagado sobre seus planos para o próximo ano e a possibilidade de concorrer a uma vaga ao Senado, o governador disse que será um candidato ao Executivo.
“Eu não tenho muita paciência para debate, para ficar ali discutindo não. Eu só mais é de pegar o carro, pegar a botina e ver o que que tá acontecendo no chão de fábrica mesmo”.
Zema também foi indagado se mantém a posição sobre declarações controversas recentes. Uma delas foi em entrevista à Folha de S.Paulo, na semana passada, quando afirmou que a ditadura que vigorou de 1964 a 1985 é uma “questão de interpretação” e que cabe aos historiadores “debater isso”.
“Nós tivemos um regime militar duro no Brasil que, vale lembrar, teve embate de ambas partes. Tínhamos naquela época grupos terroristas de esquerda fortemente armados que assassinaram, sequestraram e tiveram anistia. Sou contra qualquer tipo de regime autoritário”, disse Zema nesta quarta.
O governador também comentou sobre a declaração quando comparou moradores de rua a veículos estacionados em locais proibidos e voltou a defender uma lei que proíba que as pessoas durmam nas ruas.
As falas de Zema direcionadas à direita radical têm desagradado aliados do vice-governador Mateus Simões (Novo), pré-candidato ao governo de Minas, pelo risco de afugentaram os eleitores de centro na próxima campanha estadual.
Simões tem preferido criticar o presidente Lula (PT) em meio à renegociação da dívida de cerca de R$ 165 bilhões de Minas com a União.
Zema, que reafirmou na entrevista apoio ao vice, disse que não irá às agendas do presidente nesta quinta-feira (12) no estado.
Pela manhã, Lula vai anunciar a extensão da indenização a vítimas do desastre de Mariana, e à tarde ele participa de cerimônia para entrega de máquinas agrícolas em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
“Primeiro, eu já tinha agendas pré-agendadas, difíceis de mudar. Segundo, os eventos do presidente Lula em Minas têm sido eventos de torcida. Então, escolhem a dedo quem vai participar. E, se você não for daquele grupo, muito provavelmente você seria vaiado ali, como já deu para perceber em outras ocasiões”, disse o governador.
Fonte: ICL Notícias