Um relatório da consultoria Gavekal Research, divulgado nesta segunda-feira (15), afirma que as recentes tarifas impostas por Donald Trump podem precipitar uma recessão grave nos Estados Unidos, mas paradoxalmente, abrir caminho para que China e Europa se fortaleçam economicamente.

De acordo com o economista Anatole Kaletsky, autor do relatório, os EUA estão prestes a entrar em uma recessão “verdadeira”, marcada por uma espiral descendente de investimentos, emprego e consumo, agravada por uma combinação perigosa de choques inflacionários e queda da demanda — algo que nem cortes de juros nem estímulos fiscais conseguirão resolver facilmente.

Em contrapartida, o impacto das tarifas nos outros países será mais leve e mais simples de contornar. A China e a Europa, ao contrário dos EUA, terão espaço para relaxar políticas fiscais e monetárias a fim de proteger suas economias.

O documento prevê que, pressionados pelas novas regras comerciais americanas, esses países devem abandonar modelos econômicos focados em exportações e adotar políticas voltadas ao estímulo do consumo interno, corte de impostos e investimentos públicos.

Xi JinPing – Foto: Xinhua

Três consequências do tarifaço de Trump

“O resultado é que a guerra comercial de Trump quase certamente enfraquecerá os EUA, mas possivelmente ‘fará a China e a Europa grandes de novo’”, conclui o texto.

Entre as consequências previstas estão:

• Desvalorização do dólar frente ao euro, iene e renminbi;
• Desempenho inferior das bolsas americanas em comparação com Europa e emergentes;
• Perda de atratividade dos títulos do Tesouro americano como porto seguro.

O relatório sugere que estamos diante de uma mudança de paradigma econômico global, com a “excepcionalidade americana” perdendo força e novas lideranças econômicas se consolidando no cenário mundial.