O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) pediu esclarecimentos e responsabilização dos envolvidos na morte do trabalhador rural Ivanildo da Silva Felizardo, na quarta-feira (7), em um canavial destinado ao abastecimento da Usina Nova Canabrava em Campos dos Goytacazes (RJ). O parlamentar encaminhou ofícios ao delegado Titular da 146ª Delegacia de Polícia Civil, no Distrito de Guarus, e à Coordenadora da Procuradoria do Trabalho do Ministério Público Estadual.

Ivanildo da Silva Felizardo, de 71 anos, morreu carbonizado na tarde desta quarta-feira (7), em uma plantação de cana na Rodovia RJ-224, entre os municípios de Campos e São Francisco de Itabapoana, no estados do Rio de Janeiro. De acordo com a irmã, Ivanildo morreu às 10h30, mas a família só foi avisada às 17h. Era o primeiro dia de trabalho de Ivanildo, que havia sido registrado dias antes.

Para o deputado, a morte de Ivanildo da Silva Felizardo não pode ser considerada um episódio isolado, mas sim mais uma grave expressão de um cenário estrutural de desrespeito aos direitos humanos no campo. A Comissão Pastoral da Terra também emitiu nota de repúdio “à morte de trabalhador em queimada criminosa na usina sucroalcooleira Canabrava (RJ).”

Nos documentos enviados às autoridades, o deputado ressalta o histórico recorrente de violações dos direitos dos trabalhadores rurais na região. O município de Campos dos Goytacazes lidera o ranking do estado do Rio de Janeiro e ocupa a quinta colocação no país em número de resgates de pessoas submetidas a condições análogas à escravidão, segundo dados oficiais.

O trabalhador rural Ivanildo da Silva Felizardo, 71, que morreu em incêndio em plantação de cana (Foto: Redes sociais)

Tarcísio Motta duas medidas prioritárias: a adoção de providências que evitem a repetição de casos semelhantes e a realização de diligências e fiscalizações nas propriedades vinculadas à Usina Nova Canabrava, com o objetivo de verificar as condições de trabalho nos canaviais.

Trabalhador foi vítima de ‘queimada criminosa’, para Comissão Pastoral da Terra CPT

A nota de repúdio da Comissão Pastoral da Terra, a entidade classifica a causa da morte de Ivanildo como “queimada criminosa”.

“A tragédia ocorrida não é um acidente, mas sim consequência direta de práticas criminosas e  recorrentes de queimadas, adotadas pelo histórico setor canavieiro a fim reduzir custos de  produção, em total desrespeito à vida humana, à legislação trabalhista e ambiental, e à  dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras do campo”, diz a nota.

“A morte de mais um trabalhador é símbolo de um sistema que se sustenta com sangue e fogo. Que o agro pop, tech, não tem nada de “moderno” em suas práticas de exploração da vida humana. Não aceitaremos que mais vidas sejam ceifadas pela lógica da exploração e do lucro acima de tudo. A vida no campo importa. Os trabalhadores rurais têm direito à proteção, ao  reconhecimento e à justiça. Essa luta é do povo do campo, mas também do povo que vive nas  periferias urbanas e nas cidades”, afirma a CPT em outro trecho.