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Por AFP
O presidente americano, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (17) que os Estados Unidos não matarão o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, “por enquanto”.
“Sabemos exatamente onde o ‘Líder Supremo’ está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos matá-lo, pelo menos não por enquanto”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
“Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando. Obrigado pela atenção neste assunto!”, acrescentou. Em seguida, escreveu: “RENDIÇÃO INCONDICIONAL!”.
Trump quer ‘fim real’ para conflito e não cessar-fogo
Donald Trump afirmou nesta terça-feira (17) que deseja “um fim real” para o conflito entre Israel e Irã, e não apenas um cessar-fogo, no quinto dia de guerra aberta entre os países inimigos.
Em plena intensificação de sua campanha militar, Israel anunciou nesta terça-feira que matou o principal comandante militar do Irã, Ali Shadmani, e o descreveu como a figura mais próxima do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Os dois países travaram nas últimas décadas uma guerra por procuração em diversos países do Oriente Médio e algumas operações pontuais, mas na sexta-feira (13) Israel iniciou uma ofensiva aérea de larga escala contra o Irã.
Israel, potência nuclear não oficial, afirma que atacou o Irã para impedir que Teerã desenvolva armas atômicas em breve, um objetivo que o regime islâmico nega ter.
A campanha deixou pelo menos 224 mortos no Irã, segundo as autoridades, incluindo os comandantes da Guarda Revolucionária, do Estado-Maior do Exército, nove cientistas do programa nuclear e civis. Em Israel, 24 pessoas morreram, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O Exército israelense anunciou nesta terça-feira que matou Ali Shadmani em um bombardeio noturno. O militar foi apresentado como o chefe do Estado-Maior em tempos de guerra e comandante militar de alto escalão, próximo ao líder supremo iraniano.
Shadmani morreu quatro dias após assumir o lugar de Golam Ali Rashid, que faleceu em um bombardeio israelense. O Exército citou ainda “vários ataques em larga escala” contra alvos militares no oeste do Irã, incluindo “dezenas” de lança-mísseis.
Um ataque cibernético paralisou nesta terça-feira o banco Sepah, uma das principais entidades estatais do Irã, informou a agência de notícias Fars.
Vários meios de comunicação relataram um corte generalizado de internet em todo o país. Teerã restringe o acesso à internet desde o início da campanha militar israelense.
A TV estatal do Irã informou, por sua vez, uma nova onda de ataques contra Israel. A Guarda Revolucionária anunciou que atacou um centro do serviço de inteligência externa de Israel, o Mossad, em Tel Aviv.
O Exército israelense garantiu em um comunicado que interceptou a maioria dos mísseis lançados pelo Irã durante a tarde.
A ofensiva israelense iniciada em 13 de junho interrompeu as negociações entre Teerã e Washington sobre o programa nuclear iraniano.
China acusa Trump de atiçar o conflito
Diante do cenário complexo, Trump declarou nesta terça-feira que deseja que o Irã “ceda completamente” e está interessado em buscar um “fim real, não um cessar-fogo”.
Os líderes do G7 reunidos em um encontro de cúpula no Canadá pediram na segunda-feira uma “resolução da crise iraniana” que leve “a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Oriente Médio”, em uma declaração na qual afirmaram que Israel “tem o direito de se defender”. O Irã acusou o grupo das sete economias mais desenvolvidas do mundo de ter uma visão tendenciosa.
Trump abandonou de maneira prematura a cúpula devido à crise e declarou que seu retorno a Washington “não tinha nada a ver com um cessar-fogo”, mas sim com algo “muito maior”.
O presidente advertiu na segunda-feira na rede Truth Social que “todos deveriam deixar Teerã imediatamente”.
“Inflamar as chamas, jogar lenha na fogueira, proferir ameaças e aumentar a pressão não contribuirá para reduzir a tensão, servirá apenas para intensificar e ampliar o conflito”, declarou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
O governo dos Estados Unidos afirma que não está envolvido na ofensiva israelense, mas o vice-presidente JD Vance, em resposta às especulações sobre uma possível intervenção de Washington no conflito, apontou que Trump poderia tomar “medidas adicionais” para interromper o programa nuclear iraniano.
‘Mudando a face do Oriente Médio’
Filas, algumas de vários quilômetros, eram observadas nesta terça-feira em postos de gasolina e padarias de Teerã: os moradores tentavam desesperadamente comprar combustível e alimentos nos poucos estabelecimentos que permanecem abertos.
Um dos bombardeios israelenses de segunda-feira atingiu o edifício da televisão estatal iraniana, que informou nesta terça-feira a morte de três funcionários.
O impacto obrigou uma apresentadora a abandonar de maneira apressada uma transmissão ao vivo, enquanto o cenário era coberto por uma espessa nuvem de poeira e partes do teto desabavam.
Netanyahu declarou na segunda-feira que o ataque israelense estava “mudando a face do Oriente Médio” e que os líderes iranianos estavam sendo eliminados “um a um”.
O primeiro-ministro afirmou que matar o líder supremo Ali Khamenei, “acabaria com o conflito”. Mas, segundo uma fonte de alto escalão do governo americano, Trump impediu um plano de Israel para assassinar Khamenei, que está à frente do regime iraniano desde 1989.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou durante a cúpula do G7 que forçar uma mudança de regime no Irã seria “um erro estratégico”.
Israel atacou na segunda-feira a central de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que novos elementos mostravam “impactos diretos em salas subterrâneas”.
Fonte: ICL Notícias