Segundo Ralph Assayag, presidente da CDL-Manaus, a limitação do transporte hidroviário devido à seca dos rios coloca o transporte aéreo como única alternativa segura para que mercadorias cheguem ao Amazonas.
Manaus (AM) – Caso a estiagem persista até novembro, o transporte aéreo – única alternativa viável e segura para transporte de cargas pesadas em meio à seca dos rios no Amazonas, deve encarecer os insumos das fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e também os produtos farmacêuticos na capital amazonense e interior do Estado. A análise é do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, tendo em vista que o transporte aéreo é mais caro que o transporte hidroviário.
Segundo a CDL-Manaus, návios que não conseguem chegar até Manaus estão retornando com todos os contêineres de mercadoria. A estimativa do órgão é que apenas 35% ou 40% do total de cargas ainda deva chegar à capital nos próximos dias, caso o período da seca avance para o mês de novembro.
A limitação das opções de meios de transporte no Amazonas pode resultar na falta de insumos e interromper o escoamento dos produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Em setembro, o Portal AM1 já havia noticiado a previsão de que a estiagem iria encarecer a cesta básica e reduzir insumos da ZFM, como afirmou, na época, Luís Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac).
Conforme Resano, algumas empresas de cabotagem haviam reduzido a capacidade de transporte para o Amazonas devido à vazante.
Naquela ocasião, os municípios de Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, na calha do Alto Solimões; e Envira e Itamarati, na calha do Juruá; já se encontram em situação de emergência. Outras 15 cidades estavam em situação de alerta e 13 em estado de atenção. Hoje, o cenário é outro com 59 municípios em situação de emergência, um em alerta e dois em normalidade.
Os reflexos da falta de insumos começam a atingir as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM). Na última segunda-feira (16), a fabricante de motocicletas Yamaha paralisou parte da linha de produção por falta de peças. A informação foi revelada por um dos funcionários da fabricante ao Portal AM1.
Dois dis depois, a Samsung informou que vai antecipar as férias coletivas de fim de ano devido à dificuldade na chegada de insumos. As férias coletivas estão programadas para o período de 30 de outubro a 14 de novembro e deve atingir cerca de 1,5 mil trabalhadores.
Para Ralph Assayag, as empresas não se prepararam para os impactos da estiagem. “Teriam que ter feito estoques maiores das empresas, mas não tiveram noção da seca, não se preparam e agora temos que lidar com a paralisação. Recebo relatos diários da falta de materiais, não conseguem escoar a produção e nenhuma carga está chegando aqui em Manaus”, contou o presidente da CDL-Manaus.
Segundo Assayag, não há nada que possa ser feito neste momento para resolver o problema de forma rápida. “Não tem mais nenhuma medida a ser feita, a dragagem demora cerca de 30 dias para um pequeno trecho e a BR-319 não tem estrutura. O que nos resta é esperar o rio encher novamente.” disse.
Questionado pelo Portal AM1 sobre a falta de preparo das empresas para enfrentar a seca histórica, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) informou que “está aguardando o resultado de uma pesquisa com associados para divulgar um posicionamento”.